júri da kiss

Sobrevivente conta como quebrou parede da Kiss e retirou pessoas depois do incêndio

Leonardo Catto

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: TJRS (Reprodução)

O quarto e último depoimento do terceiro dia do júri do Caso Kiss voltou a ser de um sobrevivente. Antes, haviam sido ouvidos duas testemunhas arroladas pelo Ministério Público (MP) e uma da defesa do réu Marcelo de Jesus dos Santos. Erico Paulus Garcia, 30 anos, era barman na Kiss e trabalhava na boate em 27 de janeiro de 2013. O depoimento durou duas horas e meia.

Atualmente, ele trabalha como policial militar em Jari, município da Região Central, 90 km de Santa Maria. No segundo dia do julgamento, o ex-funcionário da boate já havia sido mencionado, durante o depoimento de Lucas Cauduro Peranzoni, DJ que se apresentaria na festa.

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Erico relembrou do momento em que o fogo surgiu ao ser perguntado. Assim como o Lucas disse, Erico definiu que o fogo teve dois momentos: primeiro o começo, a partir do artefato segurado por Marcelo de Jesus dos Santos. Depois, o alastramento, o qual o sobrevivente definiu como "expansão". O juiz Orlando Faccini Neto repetiu perguntas feitas a outros sobreviventes sobre a música e a coreografia que era feito no momento. Segundo os relatos, o vocalista levantava o braço com o a pirotecnia, próximo do teto.

O sobrevivente também foi questionado sobre o uso de pirotecnia em drinks, algo que foi mencionado em outros depoimentos. Ele explicou que isso era utilizado, mas que quem trabalhava no bar tomava cuidado para carregar "acima da cabeça do público, mas abaixo do teto".

Erico definiu a lotação daquela noite como similar a outros dias. Ele disse que não tinha uma forma exata de medir o público, mas conseguia mensurar.

- Acredito que poderia ter mil pessoas, com base no meu conhecimento - disse.

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SOCORRO
Além de relatar o momento que o incêndio começou, Erico foi descritivo para mencionar como socorreu "de 15 a  20 pessoas" que estavam na Kiss. Ele precisou ficar 24 horas com apoio de oxigênio, mas relatou não ter sequelas físicas. Embora o emocional pese (Erico chegou a ser contatado antes do júri para falar como sobrevivente, mas preferiu não dar entrevista), ele se manteve firme durante boa parte do depoimento e tentou ser direto mesmo quando descrevia passo a passo da madrugada de 27 de janeiro de 2013.

Depois que saiu da boate, conta que encontrou Elissandro Spohr. O réu, à época sócio da Kiss, alertou que a esposa dele estava dentro do prédio e grávida. Foi a primeira vez que Erico retornou para resgatar pessoas.

- Fiquei mais de hora entrando e saindo para ajudar o pessoal - afirmou.

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O juiz questionou até que horas as pessoas retiradas da boate saiam com vida. O sobrevivente, com precisão, disse que ligou para a mãe às 4h37min, enquanto os bombeiros jogavam água no prédio. Pouco antes da ligação, ele conta que havia ouvido alguém respirar ofegante no fundo da boate. Depois do telefonema, Erico diz ter tentado voltar, mas foi impedido por um socorrista.

- Quando tentei retornar, ouvi a primeira vez: "quem está lá dentro já está morto" - lembrou.

O ex-funcionário insistiu com outro bombeiro, que repetiu a frase sobre as vítimas. Antes, quando ainda tentava socorrer as pessoas, Erico conta que utilizava uma camiseta na boca - a qual trocou mais de uma vez - e entrar rastejando para tirar pessoas que estavam caídas. Ele afirmou que também ajudou a carregar corpos até o caminhão que os levou para o Centro Desportivo Municipal (CDM).

A KISS
O sobrevivente também falou sobre pontos estruturais da boate. Ele afirmou, ainda em 2013, que auxiliou no serviços das obras. No depoimento, descreveu que foram construídas paredes e colocado lã de vidro entre paredes de madeira e pedra, para evitar parede acústica. Foi essa parede que ele disse ter ajudado a erguer.

O sobrevivente também disse que as barras de contenção, que impediram a evasão durante o incêndio, foram colocadas por causa do empurra-empurra da saída. Sobre a espuma, Erico disse que foi usada cola de sapateiro.

Já respondendo aos questionamentos da acusação, ele falou que a única relação com extintores da boate foi quando, a pedido de Elissandro, ele os retirou para que os equipamentos fossem substituídos. Quando foram recolocados, Erico disse que eles não foram para os locais corretos.

A acusação mostrou imagens de corpos para Erico. Antes, o juiz avisou caso familiares quisessem deixar o plenário. Os que ficaram tentaram desviar o olhar. A mãe de uma vítima disse "que horror", em meio a lágrimas. Outra familiar precisou ser retirada porque não conseguia sair sozinha.

DEFESAS
A representação do réu Marcelo de Jesus dos Santos retomou perguntas sobre estrutura e sequências dos fatos na madrugada do incêndio. Já as perguntas da defesa de Elissandro Spohr foram em torno da relação de Erico com o ex-sócio da boate. O ex-funcionário definiu como uma boa relação entre os dois no trabalho. O sobrevivente também relembrou que trabalhou em outras boates depois de 2013.

O representante de Luciano Bonilha Leão questionou novamente sobre a espuma da boate. Erico respondeu que a instalação foi a pedido de Elissandro.

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